Erros e acertos da jornalista Sônia Abrão amparados nas normativas da ética jornalística

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Reprodução: imagens.us/subcelebridades

* Davi Acácio Ferreira 

 

Quem liga a televisão nas tardes se depara com uma apresentadora líder na audiência de programas de variedades. Sônia Abrão adotou esse tipo de programa há alguns anos, com uma linha sensacionalista e que trata de assuntos relacionados às celebridades, vertente complicada para conseguir manter a ética nestes 30 anos de jornalismo.

Formada em jornalismo pela Faculdade Cásper Libero em São Paulo, Sônia Abraão foi orientada dentro do código de ética para sair para ao mercado de trabalho, já no final dos anos 80 começou sua carreira em jornais e revistas paulistanas.

Sônia Abrão é considerada umas das influências no jornalismo conectado com entretenimento, com seus erros e acertos ela tem um perfil de jornalista multitarefas, trabalhou em todo tipo de veículo de comunicação, ou seja, teve que manter a ética em todos.

Ela começou sua carreira com jornalismo popular, no Jornal Notícias Populares, escreveu colunas em revistas como: Contigo, Amigas e Semanário. Foi colunista 10 anos no extinto Diário de São Paulo. Passou por algumas rádios como: América, Capital, Globo e Tupi.

Mas foi na televisão que ela se destacou como apresentadora. Há que se observar que nesta trajetória Sônia cometeu erros e acertos se amparadas suas ações profissionais no código de ética jornalística. Seu grande acerto foi no caso “Gerson Brenner” em 1998. Ela era repórter no programa Domingo Legal no SBT apresentado por Augusto Liberado, o Gugu. Na época havia uma guerra por audiência de Gugu e Faustão, no programa Domingão do Faustão da Rede Globo. Sônia tinha uma entrevista marcada com Denise Tacto, que era mulher do ator Gerson Brenner. Denise estava grávida de oito meses do ator que havia tinha sofrido um grave acidente na ocasião.

Sonia Abrão foi impedida de entrevistar Denise Tacto para falar no programa Domingo Legal no SBT. Enquanto isso a equipe da Globo queria que Denise cedesse uma entrevista exclusiva para o Faustão, no mesmo momento Gugu entrou ao vivo, chamando Sônia Abrão que mostrou em rede nacional que estava sendo impedida por produtores da outra emissora a transmitir a entrevista com Denise Tacto, demonstrando uma evidente censura contrariada pelo código de ética jornalística.

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“Art. 1º O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange seu o direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação. Art. 2º Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse […]” (FENAJ, 2007, p.1)

” A imprensa ainda é criticada pela cobertura do crime (Caso Eloá). Na época, muitos jornalistas foram acusados de promover sensacionalismo com o caso. “. 

A jornalista Sonia Abrão, sempre teve sorte de trabalhar com grandes nomes da televisão brasileira como Silvio Santos, Chacrinha, Flávio Cavalcanti e Raul Gil, sendo sempre respeitada no meio televisivo. No ano de 2015 no seu programa “A tarde é sua” na RedeTV ela entrou em outra polêmica, foi na ocasião da morte do cantor Cristiano Araújo.

A jornalista cometeu um grande erro, ficou uma semana mostrando em seu programa um suposto fantasma do cantor que apareceu em um show. Após o evidente sensacionalismo os fãs começaram a reclamar nas redes sociais com frases como “Sônia, já está nos cansando, Cristiano Araújo já está morto e enterrado”. Ela respeitou a opinião do público e da família e cancelou as pautas sobre o assunto após mais de uma semana de veiculação ininterrupta. Este foi um evidente excesso da jornalista que poderia ter resumido todo assuntos relacionado ao fato em um só programa, já que o código de ética relata que “O jornalista não pode divulgar informações […] de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes” (FENAJ, 2007, p.1).

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Um outro deslize ético de Sônia dentro do jornalismo foi no “Caso Eloá”, que ficou conhecido em todo país e mesmo após 11 anos continua sendo relembrado. A imprensa ainda é criticada pela cobertura do crime. Na época, muitos jornalistas foram acusados de promover sensacionalismo com o caso. A apresentadora Sônia Abrão, por exemplo, se envolveu tanto que foi até testemunha no julgamento de Lindemberg Alves que matou a jovem Eloá Cristina Pereira Pimentel  depois de uma semana a mantendo como refém.

Para muitos, as reportagens feitas pela jornalista contribuíram para o desfecho trágico. Na época, Sônia entrou em contato telefônico com o sequestrador e conversou ao vivo com o criminoso, por mais de 30 minutos. Durante os dias em que o sequestro continuava, a apresentadora do “A Tarde É Sua” (RedeTV) recebeu um advogado que afirmou que o sequestro terminaria em “pizza” e supôs que Eloá e Lindemberg se casariam o que causou revolta inclusive ao jornalista José Luiz Datena, que criticou com veemência a ação de Sônia.

Jornalistas tem que exercer o papel de comunicador e não de policial.  No “Caso Eloá” a mídia fez uma cobertura televisiva massiva e atuou como fator participativo o que pode ter corroborado com o desfecho trágico, em nome do sensacionalismo. Neste caso o erro dela acabou ficando visível. Nestes 30 anos de jornalismo Sonia Abrão é um exemplo de que jornalistas podem errar e acertar, mas jamais deve fugir da ética jornalística.

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* Estudante de Jornalismo da Unemat/Alto Araguaia e matriculado na disciplina “Ética e Legislação Jornalística”

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